As práticas salariais em Angola variam consoante a indústria, o sector e o tipo de emprego. Além disso, Angola sofreu grandes mudanças na sua economia nas últimas décadas, especialmente devido à indústria petrolífera, que tem desempenhado um papel importante na determinação dos salários em muitos sectores.
Em todo o caso, as práticas salariais devem ser sempre competitivas no mercado por várias razões. Afetam diretamente a atração e a retenção de talentos, a redução da rotatividade, a motivação dos trabalhadores e o seu desempenho.
Vejamos as práticas salariais atuais em Angola:
1. Principais sectores
Os sectores petrolífero, mineiro e o sector das TICs tendem a oferecer os salários mais elevados, devido à procura de mão de obra qualificada e ao valor dos recursos naturais. Sectores como a agricultura e o comércio tendem a ter salários mais baixos.
2. Negociação salarial e benefícios
A negociação salarial é comum, especialmente para cargos de alto nível e em empresas multinacionais. Os candidatos discutem frequentemente o salário e os benefícios durante o processo de entrevista.
Os benefícios oferecidos por algumas empresas são adicionais ao salário base e incluem frequentemente alojamento, cuidados de saúde, transporte e alimentação.
De qualquer forma, para assegurar uma remuneração competitiva deve ser sempre feita uma boa pesquisa salarial antes da negociação para não perder as franjas do mercado.
3. O kwanza e a inflação
A economia angolana está historicamente ligada ao petróleo, e a volatilidade do preço do petróleo pode afetar a moeda local, o kwanza. Este, por sua vez, pode afetar os salários e o poder de compra dos trabalhadores.
A inflação também pode afetar o poder de compra dos trabalhadores ao longo do tempo, pelo que os aumentos salariais são normalmente negociados anualmente para compensar o aumento do custo de vida.
4. Regulamentação laboral
Angola dispõe de regulamentação laboral que aborda questões como o horário de trabalho, as licenças, as férias pagas e os direitos dos trabalhadores.
Foi proposta uma atualização da Lei Geral do Trabalho para garantir melhores condições aos trabalhadores e às empresas. Esta atualização deveria entrar em vigor no segundo semestre de 2023, mas ainda não o fez, pelo que a LGT de 2015 é a que continua em vigor. É importante que as empresas cumpram esta lei ao estabelecerem práticas salariais.
5. Desigualdade salarial e salário mínimo
Tal como em muitos países, a desigualdade salarial é um problema em Angola, com grandes discrepâncias entre os salários dos trabalhadores mais bem pagos e os mais baixos. Não é raro que o trabalhador mais bem pago de uma mesma empresa ganhe 50 vezes mais do que o trabalhador mais mal pago.
A partir de 1 de fevereiro de 2022, o salário mínimo nacional é de 32.181,15 Kz, no entanto, existem algumas variações consoante o sector de atividade. Este valor mantém-se para a agricultura, mas aumenta para 40.226,44 Kz nos transportes e 48.271,73 Kz no comércio.
6. Falta de transparência
Dada esta desigualdade salarial, não é surpreendente que uma das características do mercado angolano seja a falta de transparência. As empresas não estão interessadas em tornar visíveis as suas práticas salariais.
SOBRE A JOBARTIS
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